sexta-feira, 5 de julho de 2013

Cidadania



"A nossa cidadania, porém, está nos céus" - Filipenses 3:20

Ja tive a oportunidade de morar em diferentes cidades e países, conhecer novos povos e culturas, aprender novas línguas e diferentes costumes. Muito embora cada lugar tenha sido completamente diferente do outro, todos eles me ensinaram algo em comum.

A primeira lição que aprendia em cada novo país em que chegava era que precisava conhecer as suas regras. Essa talvez fosse uma lição que não exigisse tanta pesquisa da minha parte, as regras estavam expostas em todos os lugares, bastava que os meus olhos estivessem atentos para enxergá-las. E ainda que não fossem tão evidentes, logo logo surgiria alguém disposto a me tirar da ignorância e me fazer conhecer as leis que regiam o lugar e, mais ainda, as terríveis consequências para aqueles que as violassem. 

Não demorou para que eu percebesse a importância de aprender as regras de cada país, principalmente porque elas se aplicariam a mim, quer as conhecesse ou não, uma vez que estava ali para morar. Alegar ignorância não era uma opção.

A segunda lição era que falar a língua local me abria uma imensidão de portas se comparada com aqueles que não dominavam o idioma. Saber me comunicar me levava além, me trazia aceitação e boa vontade por parte da população nativa.  E não era somente o conhecimento da língua de forma gramatical, mas comunicação que expressava interesse em conhecer, em compreender, em fazer parte. Isso porque existe um conflito dentro de nós entre aquilo que conhecemos e estamos acostumados, e o novo, o diferente. Falar a língua me aproximou, me tornou quase um semelhante.

A terceira lição foi um pouco mais difícil. Talvez porque o simples fato de ser aceita e poder viver em um novo país era, a princípio, novidade boa demais em si mesma que eu sequer pensava em querer algo mais. A ideia de ser estrangeira me intimidava, afinal, por mais que fosse aceita, aquela não era a minha pátria. Levou um tempo até que eu percebesse que eu tinha algo que nem imaginava: direitos. Até então eu pensava: "Eles são bondosos o suficiente em me permitir viver aqui", e isso me bastava. Saber que eles me concediam direitos além de deveres ia além da minha imaginação, mas muito me alegrou!

Entretanto, muito embora tenha aprendido a viver em meio a outros povos, gozando de direitos e deveres, nada nunca conseguiu remover de dentro de mim a sensação de estrangeira. Entendi que o conceito de pátria é como o de família. Com suas qualidades e defeitos, é a ela que pertencemos, é nela que nos sentimos verdadeiramente seguros e aceitos. É dela que nos orgulhamos e é nela que encontramos a nossa identidade.

"Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp. 3:20)

Como família de Deus, possuímos uma pátria própria, muito além das fronteiras físicas deste mundo. Muito mais do que a nossa pátria terrena, é na nossa pátria celestial que encontramos verdadeira segurança e identidade. De lá somos cidadãos, não estrangeiros. Caminhamos de rosto erguido, sabedores de que fazemos parte, de que estamos em casa, de que ali é o nosso lugar.

Mas assim como a mudança para um novo país nos traz os desafios da adaptação, assim a descoberta da nossa pátria celestial. Dela nos tornamos cidadãos quando nascemos de novo em Cristo e passamos a fazer parte da família de Deus. O conhecimento dessa nova pátria é muito parecido com a experiência natural. Nela estamos sujeitos a regras, aos princípios de um Reino em que Jesus é o Senhor. Conhecê-las e obedecê-las é princípio de vida, segurança e prosperidade. Muito mais do que terríveis consequências, ignorá-las nos privará dos seus incontáveis benefícios.

A comunicação na nossa nova pátria também é de importância singular. Temos acesso ininterrupto ao Rei e, por isso, ter ouvidos para ouvir e entender é essencial. O Reino tem linguagem própria, comunicação que vai além dos nossos meros sentidos. Dominar a linguagem nos abrirá portas, nos fará andar nos caminhos traçados por Deus e nos fará ser bem-sucedidos. Oração é a via de comunicação e sensibilidade à voz do Espírito é a melhor das habilidades que podemos desenvolver, um trunfo digno de todo o nosso esforço. 

O último conceito, dentre tantos outros, é tão inesperado quanto no nível natural. Somos tomados de humildade simplesmente por poder pertencer a este lugar, não nos ocorre que possamos possuir direitos. Sim, direitos. Não direitos no sentido de exigência egoísta, mas de privilégios concedidos pelo Pai, geralmente em forma de promessas. Cidadãos do Reino gozam dos privilégios inigualáveis da presença de Deus, da sua autoridade e do seu constante cuidado e amor provedor. 

"Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz o SENHOR." - Isaías 54:17


"Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum." - Lucas 10:19

A Bíblia está cheia de princípios, promessas estabelecidas por Deus para a nossa proteção e benefício. Mas existe uma teoria jurídica que diz "direito desconhecido é direito inexistente". Desconhecer aquilo que nos concerne enquanto legítimos cidadãos da pátria celestial nos faz viver como estrangeiros em terra própria, alheios aos privilégios da nossa cidadania. 

Conheça a sua nova nação, vista a sua bandeira, cumpra os seus deveres, desfrute dos seus direitos de cidadão. Torne-se consciente da sua pátria celestial. A sua cidadania custou preço de sangue.


"Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade." - Hebreus 11:13-16

"Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus" - Efésios 2:6

Um comentário:

  1. Que mensagem maravilhosa. Se em um lugar diferente daquele em que vivemos temos que conhecer as regras para não infringirmos as leis e não só isso, mas também por questão de adaptação e interação. Muito mais conhecendo a Jesus, não basta dizer sou cristão, mas é necessário conhecer a Cristo, tudo que ele nos ensinou e agir de acordo com esses ensinamentos e só assim teremos a segurança de dizer sou seguidor de Cristo.

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